terça-feira, 24 de junho de 2014

Meu testemunho - Pagando um auto preço - parte 4

continuando....


...Fui decidida até aquela amiga, lhe dei o dinheiro e esperei ansiosa pela sua chegada, fomos até um banheiro que havia em um bar em frente a escola e sobre os cadernos, com o auxilio do tubo da caneta usei a cocaína pela primeira vez.

A sensação era única, jamais havia me sentido daquele jeito, me senti poderosa, naquele momento me sentia capaz de tudo, com aquele pó eu me transformava em alguém que sempre quis ser.

E daquele dia em diante o uso foi quase que diário, me lembro que neste ano quase perdi o ano letivo pois a sala de aula não me via mais, perdi o interesse pelos estudos, passei a andar apenas com pessoas que tinham drogas para me oferecer, nesta época andei com todo tipo de pessoas, drogas era o que não faltava, todos os dias tinha alguém para dividir sua carreira de pó comigo, era uma época de facilidades.

As drogas me tornaram uma pessoa fria, não havia mais expectativas em mim em relação a família, amor, amigos, era tudo superficial, era tudo momento.

As brigas em casa passaram a ser mais frequentes, não suportava chegar em casa e ouvir as reclamações da minha mãe, dos meus irmãos. Nos momentos de nervoso eu sempre ouvia da minha mãe que tinha se arrependido de me pegar do lixo para criar e ouvia também dos meus irmãos que aquela atitude dela de me adotar tinha sido sua pior decisão e aquelas palavras só alimentavam o ódio que existia dentro de mim.

Minha convivência em casa com minha mãe e família ficou insustentável, naquela altura não conseguia enxergar a dor que causava as pessoas, mais por outro lado as pessoas não enxergavam a dor que eu vivia dentro de mim, todos diziam que eu era ingrata e que não dava valor ao que recebi, mais dentro de mim eu só tinha recebido da vida abandono, desprezo, mentira, solidão, ódio eu não conseguia aceitar que uma mãe dá seu filho como se fosse um animal e não conseguia me ver parte daquela outra família, achava que meu lugar era sozinha, na rua, ou morta.

Me lembro que nessa época começou a despertar dentro de mim o desejo de ir a cemitérios, cheguei a passar horas ali dentro olhando os túmulos e  tentando imaginar um jeito de tirar minha vida, a seguir vieram algumas tentativas, tomei remédios controlados, tentei me jogar em frente de automóveis, tentei cortar meus pulsos mais não aguentei a dor e nestas tentativas frustradas me sentia pior ainda pois pensava naquele momento que nem a morte me queria.

E eram essas experiências que me faziam querer continuar sentindo as sensações que as drogas me proporcionavam,  eram passageiras, mais eram as únicas coisas boas que eu tinha.

 Até que um dia esse mesmo pó que me fazia sentir tão bem me levou ao fundo do poço, onde tive que pagar um alto preço pelo seu uso. Ouve uma noite onde o espirito destruidor me cobrou todo o prazer e satisfação que havia me dado com as drogas.
Então eu tive um encontro com o próprio diabo.

Até a próxima.
Deus Abençoe.
Elaine Boscolo.



Um comentário:

  1. Sempre a admirei pela forte presença de Deus que via na senhora, conheço um pouco do seu testemunho, usou ele pra me ajudar a me libertar, mas nunca imaginei que teria essa fé e força de publicar, é muito forte o trabalhar de Deus na vida da senhora...Eu entendo a sua dor e os desertos que passou, na minha adolescência não cai no mundo das drogas, mais na depressão e no desejo de morte sim, sei o quanto é cruel...é uma prisão sem algemas, é uma ferida aberta que sangra na alma...ninguém compreende...mas Jesus sim...

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário.